É preciso, ó doce namorada, seguirmos firmes na estrada que leva a nenhuma dor. Lançados originalmente em 1967 e regravados agora por Gal Costa em dueto com Zeca Veloso, os versos do poeta piauiense Torquato Neto (1944 - 1972) inspiram o título do novo trabalho da cantora baiana. Com capa assinada pelo artista plástico Omar Salomão, o álbum Nenhuma Dor organiza os dez singles que Gal lançou aos pares nas plataformas digitais desde novembro de 2020. O lançamento oficial acontece em 12 de fevereiro também nos formatos físicos: em CD, pela Biscoito Fino. Em dez faixas, Gal faz duetos com os brasileiros Rodrigo Amarante, Seu Jorge, Silva, Criolo, Rubel, Tim Bernardes e Zé Ibarra - além do já citado Zeca Veloso, filho de Caetano Veloso. Com o português António Zambujo e com o uruguaio Jorge Drexler. A concepção e direção geral é de Marcus Preto, que detalha a seguir o processo de criação do álbum:
Em meio à pandemia, em maio ou junho do ano passado, Gal me telefonou. Sentia que, nesses dias tão vagos de definição, um público mais jovem do que o habitual estava dando tratamento especialmente afetuoso aos artistas da sua geração. A meninada chegou mais perto do trabalho dela, do de Caetano, Milton, Gil, Chico, Bethânia. Comentei que a sensação dela estava correta e era amparada por números: nunca se consumiu tanta música de catálogo no mundo quanto agora, na quarentena. Canções que a gente já tinha na memória do afeto, trilhas de melhores e mais esperançados tempos passados, voltavam potentes para nos dar estrutura diante das incertezas. Isso me dá ainda mais vontade de trabalhar, de cantar para as pessoas. Você não acha que a música cura?, ela perguntou.
Era o sinal de que algo estava começando.
Dadas as limitações que o distanciamento impõe, um álbum de repertório inédito, que exigiria muitos dias de ensaio e um bocado de gente aglomerada no estúdio, estava completamente descartado. Teríamos, então, de criar algo que pudesse ser construído remotamente, cada um em seu canto. Melhor ainda: por que não partirmos para um projeto que amarrasse tanto a música da memória quanto as novas gerações?
No geral, cada artista envolvido fez parte da produção da própria faixa, como se vê na ficha técnica. Muitos tocaram instrumentos de base, que depois ganharam arranjos de cordas de Felipe Pacheco Ventura, outro talentoso jovem músico que Gal conheceu na feitura de A Pele do Futuro. Ventura também produziu faixas inteiras, como a do Criolo e a de Zambujo, estruturada somente sobre as cordas. Alguns artistas, como Amarante e Tim, fizeram quase tudo sozinhos. Terminou por ser um trabalho colaborativo. Ouvindo as faixas, fica clara a influência monumental de Gal não apenas entre as cantoras, mas também no canto masculino da música popular brasileira. Mãe de todas as vozes, homens e mulheres.
Este álbum nasceu, portanto, como projeto de quarentena. Nunca teve pretensão de soar como um disco de carreira, como se dizia. Não quer modificar o que se pensa sobre essa ou aquela canção clássica. Tampouco pretende definir próximos passos artísticos de Gal ou de qualquer um dos envolvidos. Nem ganhar prêmios de melhores do ano. Quer apenas ecoar, mais alto e mais longe, essa voz da memória do afeto que nos dá o colo inabalável e a força para seguirmos firmes na estrada. Sem nenhuma dor, se possível. - MARCUS PRETO
Faixas do álbum:
01. Avarandado
02. Só Louco
03. Paula e Bebeto
04. Pois É
05. Meu Bem, Meu Mal
06. Juventude Transviada
07. Baby
08. Coração Vagabundo
09. Negro Amor (It's All Over Now, Baby Clue)
10. Nenhuma Dor
Download:
81 MB - ZIP - MP3 - 320 Kbps
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Viva Gal Costa !!!!🌹🌹🌹🌹
ResponderExcluirBoa Noite,querido amigo,gostaria de saber da possibilidade de postar a discografia da cantora simone,anos 80 e 90.
ResponderExcluirtô sabendo que estão proibindo discos raros,e na minha opinião esses anos foram os melhores da cantora.fico grato desde já.um grande abraço e até a proxima.
Muito grato ❤️
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